domingo, 26 de dezembro de 2010

Meu Papai não é Noel



“E não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas.” – II Timóteo 4:14

O que é politicamente correto e o que não é?
Os tempos modernos são interessantes: fala-se muito, critica-se muito, sem se saber exatamente o que se está falando, ou o que se está criticando.
Os mesmos que atiram pedras desapiedadamente nas crenças, religiões, e em todo tipo de fé, sucumbem candidamente ao tédio anual: “o bom velhinho”.

Desde quando intrusão é bondade?

Intrusão = Ação de se introduzir, sem direito ou por violência. Entrada ilegal sem convite. Usurpação, posse ilegal.
Natal diz respeito a nascimento.  Qualquer dicionário, por mais desatualizado que esteja, sabe disso.  Seja na nova ou na velha ortografia.  Natal, festa estabelecida para comemorar o nascimento de Jesus, sua encarnação nesta terra, Emanuel, Deus conosco, cedeu completamente o seu espaço a um velhinho de barbas brancas, que não nasceu, não morre, não tem origem, não terá fim.  No Natal deixa-se de comemorar o nascimento, para se comemorar alguém que não consta que tenha nascido.  Na Páscoa deixa-se de comemorar a morte e ressurreição para se comemorar a “fertilidade”.   Jesus está sendo substituído em ambos os casos: no Natal, por um velhinho de barbas brancas, na Páscoa, por um coelho.

Desde quando a usurpação dos atributos de Deus é bondade?
- Quem é este “bom velhinho” com o atributo da onisciência?
Conhece todas as crianças do mundo e sabe quais merecem ser presenteadas, e quais, de outra parte, devem ficar a ver navios porque não atingiram a nota máxima no quesito obediência.  Como pode alguém que é a encarnação na mentira deixar de recompensar uma criança porque mentiu para os pais em alguns momentos dos 365 dias passados.  Nesse aspecto nossos políticos são mais coerentes: quanto mais mentiras, mais recompensas.
- Quem é este “bom velhinho” com o atributo da onipresença?
Está em todas as casas deste nosso “pequeno” mundo na mesma noite.  Qual versão positiva do anjo da morte do Egito, não pune os desobedientes, presenteia os obedientes, sabe-se lá por qual critério. 
- Quem é este “bom velhinho” com o atributo divino da onipotência?

Convenhamos, voar pelos céus durante a noite num trenó puxado por renas não é para qualquer um.  Não há criptonita que agüente.  E não há o menor rumor, até o presente momento, de que o serviço esteja sendo terceirizado, ou um veículo mais moderno esteja em fase de licitação.   A Boeing e a Airbus, atrasadas que estão com o lançamento do 787 e do A380, agradecem de todo coração.

Desde quando enganação é bondade?

Papai Noel é a síntese do sistema da Nova Era, da anti-religião, da anti-fé.
Síntese = Toda operação mental pela qual se constrói um sistema.
Ruas, lojas, bancos, praças, casas, árvores.  Lá está ele, inconfundível em sua roupa vermelha, onipresente.  Os homens brigam por futebol, por religião, por política, todo tema e toda corrente de pensamento apaixonam, geram disputas, causam dissensões.  Ele não.  Para ele convergem todas as religiões, todos os credos, todas as raças, todas as etnias.  Todos aqueles que têm a verdade, ou parte dela, não se incomodam de se curvar à sua mentira.
Mas a ilusão é sadia, dirão alguns, faz parte do imaginário infantil.   Sim, a fantasia faz parte do mundo infantil, diríamos, dos 8 aos 80 anos.  Até os adultos precisam dela.

O grande “porém” dessa história está no segundo item acima: a usurpação.

O Super-homem, o Homem-aranha, os super heróis em geral, levam a criança a almejar os seus poderes e a querer imitar as suas qualidades. Fantasia pode até ser saudável quando não mata uma verdade e toma completamente o seu lugar. 
Se você convidar um grupo de 50 pessoas para o seu aniversário e durante a festa você for momentaneamente esquecido por causa do calor das conversas e das brincadeiras você achará isso normal; mas se até o fim da festa ninguém mais notar a sua presença, você for completamente desconsiderado, o “parabéns a você” for dirigido ao ursinho de pelúcia da sua filha e ao final da festa todos forem embora sem lhe dirigir a palavra, dificilmente você interpretará isso como uma brincadeira sadia ou uma fantasia sensata.
Essa unanimidade diante de uma figura folclórica em detrimento do Filho de Deus é ingenuamente interpretada como uma fantasia que não causa maiores danos, porém, o absurdo disso fica evidente no espírito natalino atual: procure nas revistas, jornais, rádio ou televisão uma única referência ao significado do nascimento e obra de Jesus.   A cada ano que passa fica mais difícil.  Isso num país que se orgulha de estar batendo na casa dos 35 milhões de evangélicos.
Você perceberá que a idolatria, tão disseminada no nosso país, chegou a um nível jamais imaginado: São Nicolau, não é apenas mais um santo católico, não intercede junto a Deus ou a Jesus, como seria de se esperar dos demais “santos”.  Ele, pacientemente, destronou Jesus, conseguiu tomar o seu lugar no Natal de uma forma quase absoluta.   E isso não é fantasia, não é ilusão, é uma constatação. 
- De onde vem você Papai-Noel?
- “De rodear a terra e de passear por ela. Vocês é que pensam que é só na noite de Natal!”